
A fenomenologia é antes de tudo um projeto em curso.
Se ela emerge por um lado de uma crise radical dos padrões de compreensão do conhecimento da verdade, ela se abre para um campo de retomadas sucessivas, de aprofundamentos incessantes, de questionamentos radicais de seus resíduos dogmáticos e incidentais.

Husserl deu quanto a isso o tom fundamental, na medida em que nunca se satisfez com nenhuma de suas formulações icônicas, mas sempre viu a necessidade de reformular seus conceitos fundamentais.
Heidegger, por sua vez, levou esse movimento à exaustão, uma vez que fez do filosofar uma confrontação permanente com o primeiro início de nossa tradição e que acentuou o quanto as estruturas dos preconceitos são invasivas e sempre tendem a retornar, colocando em risco a radicalidade do pensar fenomenológico.
A partir dos dois, então, a fenomenologia se ramificou. Ela se encontrou com o pensamento existencial e com as pesquisas das ciências ônticas em geral, da física à psicologia, da medicina à biologia, da antropologia aos estudos culturais.
Sua pluralidade de autores e suas infinitas vertentes nos desafiam a todos. É em nossas diferenças que vivemos mais plenamente juntos. Por isso, o congresso que se avizinha tende a ser mais um marco decisivo: a fenomenologia é um projeto em curso.
O desafio é fazer da psicologia uma caixa de ressonância do poder da tradição fenomenológica, aliada a partir de certo ponto com a tradição hermenêutica, para a compreensão da existência e do sofrimento existencial em todos os seus âmbitos.
Depois disso, antes disso, em meio a isso, o que resta é o esforço que nos constitui: de seguir "rumo às coisas mesmas". Porque há as coisas mesmas.

Guto Pompeia
ABD
Psicoterapeuta, formado em Psicologia pela PUC-SP, onde fez reconhecida carreira como professor, João Augusto Pompéia dedicou sua carreira a investigar a psicoterapia alicerçada na Fenomenologia, chamada de Daseinanalyse. É membro da Associação Brasileira de Daseinsanalyse (ABD) e autor de vários livros, como “Na presença do Sentido - Uma aproximação fenomenológica a questões existenciais básicas", escrito em parceria com Bilê Tatit Sapienza.

Maria de Fátima de Almeida Prado
ABD
Psicóloga formada pela PUC-SP em 1979. Terapeuta e supervisora -Daseinsanalista. Presidente da ABD - Associação Brasileira de Daseinsanalyse. Vice-presidente da IFDA- International Federation for Daseinsanalysis. Autora de diversos artigos publicados na revista Daseinsanalyse, da ABD.

Guilherme Messas
FCMSCSP
Graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP (1992), mestre em medicina pela Faculdade de Medicina da USP (1999), doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da USP (2001), Livre-docência pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (2022). Pós-doutor no Instituto de Psiquiatria da FMUSP (2004). Tem experiência na área de Psiquiatria e Psicopatologia, atuando principalmente nos seguintes temas: psiquiatria fenomenológica; psicopatologia fenomenológica, psicopatologia dos transtornos relacionados ao álcool e drogas, história da psiquiatria. Professor Assistente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordenador da Especialização em Psicopatologia Fenomenológica da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Antonia Tonus
HSPE SP
Médica psiquiatra, diretora do Serviço de Psiquiatria do Hospital do Servidor Público Estadual SP (HSPE SP), coordenadora da Disciplina de Psicopatologia Fenomenológica para Residência Médica de Psiquiatria HSPE-SP, membro fundador da SBPFE e Professora do Instituto Dasein de Psicologia Fenomenológica e Hermenêutica.

Ana Feijoo
IFEN
Da psicoterapia em Rogers à clínica psicológica com bases na fenomenologia na atualidade
Professora Titular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Departamento de Psicologia Clínica - DPC e Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social - PPGPS da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora do projeto de extensão: Laboratório de Fenomenologia e Estudos em Psicologia da Existência – LAFEPE e do projeto de Iniciação Científica sobre suicídio. Membro do GT Psicologia & Fenomenologia da ANPEPP - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia. Sócia fundadora e benemérita do Instituto de Psicologia Fenomenológico-Existencial do Rio de Janeiro – IFEN e coordena o Núcleo de Pesquisas do IFEN. Organizadora e autora de livros, capítulos e artigos publicadas em revistas nacionais e internacionais, que versam sobre a pesquisa e a clínica psicológica na perspectiva fenomenológico-existencial. Bolsista produtividade CNPQ e Cientista do Nosso Estado.

Marco Casanova
INSTITUTO DASEIN
Doutor em filosofia pela UFRJ/Universidade de Tübingen, Pós-doutorado – Universidade de Freiburg, Professor Associado do Departamento de Filosofia da UERJ, Autor de O instante extraordinário: Vida, história e valor na obra de Friedrich Nietzsche (2003), Nada a caminho: Impessoalidade, niilismo e técnica no pensamento de Martin Heidegger (2006), Compreender Heidegger (2009), A eternidade frágil: Ensaio sobre temporalidade na arte (2013), A falta que Marx nos faz (2017), Mundo e historicidade I (2017) e II (2020), Tédio e tempo (2020), A persistência da Burrice (2020) e Existência e transitoriedade (2021), além de tradutor de um grande conjunto de obras de pensadores alemães como Martin Heidegger, Max Scheler, Friedrich Nietzsche, Wilhelm Dilthey entre outros.

Beto Machado
INSTITUTO DASEIN
Psicólogo, supervisor clínico e professor. Sócio-fundador do Instituto Dasein de Psicologia hermenêutico-fenomenológica. Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e doutor em Filosofia pela Universidade de Évora (UÉvora/CAPES). Autor do livro "Intimidade como método clínico", editora Via Verita.
